sábado, 17 de julho de 2010

EXPRESSO PARANAPIACABA - Editorial

Erguida em meados de 1859, onde serviria de sede para a construção de estrada de ferro, a Vila de Paranapiacaba é um marco na história cafeeira do Brasil. Após a instalação da ferrovia, que se tornou o principal meio de transporte para o escoamento do café do estado de São Paulo até o porto de Santos, elevou o país ao progresso sócio-econômico através da exportação e importação. Hoje, Paranapiacaba está tombada pelas três instâncias governamentais: municipal, estadual e federal. Importante destino turístico cultural, a Vila Ferroviária, como é conhecida também, terá uma estação de trem do Expresso Turístico, inauguração prometida para 18 de julho, coincidindo como o Festival de Inverno de Paranapiacaba.


O turismo cultural tem seu ponto forte nos festivais de inverno, que neste ano está na décima edição e acontecerá nos dias 17, 18, 24 e 25 de julho (veja programação a seguir). Com a novidade do Expresso Turístico o visitante poderá desfrutar de conforto, segurança e agilidade para acessar a Vila por via férrea.

Visitar Paranapiacaba é uma viagem no tempo. A Vila foi colonizada pelos ingleses e possui arquitetura mista. À época, o Barão de Mauá convenceu o governo imperial que era essencial e importante a construção de uma estrada de ferro ligando São Paulo ao porto de Santos. Para a construção e exploração da ferrovia foi criada a empresa inglesa São Paulo Railway Co.. Para quem vai conhecer Paranapiacaba pelo seu patrimônio arquitetônico, encontrará um urbanismo geometricamente planejado com ruas largas, porém com estreitíssimas calçadas, ou sem nenhuma. Suas casas inglesas pré-fabricadas de madeira em estilo vitoriano, algumas construções em tijolos aparentes, onde funcionavam as oficinas. Há um relógio enigmático, réplica do Big Ben londrino, bem ao lado da estação do Viradouro.

Caminhar nas tardes por Paranapiacaba pode ser acometido por uma agradável surpresa. De repente, um nevoeiro dá o ar da graça. Qual seria novidade se o ocorrido acontecesse em alguma cidade do sul do Brasil? Nenhuma. Este fabuloso cair de neblina, tipicamente transladadas sensações deliciosas das tardes de inverno londrino e com uma linda paisagem bucólica pode ser apreciado na Vila, distante 73 quilômetros e à uma hora e meia da capital. Pensar que este fenômeno climático acontece somente neste período do ano é um engano. Paranapiacaba possui este clima peculiar – e exótico – quase que diariamente por todo o ano, inclusive no verão, por estar incrustada na Mata Atlântica e no topo da Serra do Mar.

Paranapiacaba é tombada pelo Patrimônio Histórico, Arqueológico-Urbanístico e Paisagístico, Artístico e Cultural, Turístico e pertence ao município de Santo André, informou Carlo Roberto Panini, diretor do Departamento de Turismo. Poderia também ser tombada pelo Patrimônio Ambiental. Através de seu ecoturismo, pode-se vislumbrar o que a natureza tem de melhor. Suas paisagens, as cachoeiras, fauna e flora. A prática do turismo pedagógico e direcionado propicia a preservação do meio ambiente. A Vila recebe, freqüentemente, biólogos, estudantes e ambientalistas para estudos da biodiversidade. Vale a pena conhecer o Museu do Castelinho, casa construída em 1897 onde hospedava o engenheiro-chefe da Railway. Atualmente abriga o Centro de Preserva da Memória de Paranapiacaba que reúne objetos usados no período dos ingleses. Pare para escutar a história da construção e administração, sobre como ele controlava tudo ali do alto, saber da interessante distribuição e os motivos das cores em cada ambiente da casa. Aos fotógrafos de plantão, dá para fazer umas boas imagens. Do mirante tem vista total da vila e parcial da Cidade de Cubatão e da Serra do Mar. Paranapiacaba significa, na língua tupi-guarani, lugar de onde se vê o mar.


   Outro museu a ser visitado, o Funicular, o turista encontrará no passeio a pecualidade na recuperada e boa velha maria-fumaça. Pensar que vai descer a serra, ou ao menos chegar perto e poder precipitar da vista da Mata Atlântica, esqueça. O roteiro segue por um trecho muito curto e se vê pouquíssimo da serra. O bem desenvolturado monitor-bilheteiro explica com detalhes o sistema funicular, o antigo e o atual. Mas os detalhes cansam e se perdem em termos poucos usuais e sem muita importância para o turista. Aproveite para registrar belas fotografias, na composição com bancos em madeira e detalhes em ferro bem cuidado e, também, ao lado do vagão e da maria-fumaça. Não vale pelo pequeno trecho e pelo blá, blá, blá do bilheteiro. O Passeio conta também com o museu que guarda objetos, máquinas, locomotivas maria-fumaça e vagões imperiais, construídos para transportar D. Pedro II. O Espaço tombado desde 1987 abriga a Locomotiva 15 (1862), a segunda mais antiga do Brasil. Portanto, o museu está fechado temporariamente para reestruturação.

   Para quem pretendem visitar Paranapiacaba pelo ecoturismo existe uma vasta opção de atrativos. Muitos são monitorados e necessitam de agendamento prévio. Bem diversificado, indo de caminhada leve até as que chegam a durar 8 horas. Há também a caminhada noturna, canoagem, rafting, arborismo, rapel, tirolesa. O turista encontra outras aventuras como: montanhismo, mountain bike, off-road e MotoCross.

   Da parte alta, cruzando a ferrovia, do outro lado da Vila, o visitante avistará a ferrovia, estação, locomotiva e ter um panorama geral da parte baixa. Após atravessar a passarela, na curva para esquerda, no início da subida há um boteco tipicamente português com objetos e fotos do time da Lusa, o que também vale a parada para tomar fôlego e uma coca de garrafa de vidro antiga.