Contos do Mar - A Onça, o Susto e a Sardinha

Wind Camping ou Camping Selvagem não necessita exatamente ser selvagem ao pé da letra. Wind camping significa que não há um lugar com infraestrutura onde ofereçam banheiro, cozinha e uma área cercada com segurança. Fora isso, o local pode estar tomado de todo o tipo de exposição, tanto num como no outro estilo.

Essa exposição muitas das vezes se refere a insetos, animais peçonhentos, bichos selvagens, intempéries da natureza entre outras.

O que vou narrar, por coincidência, aconteceu num momento de um wind camping.

Era um final de tarde e eu retornava de uma cachoeira 'perdida'. Não havia muita informação sobre ela nem fotos, mas mesmo assim estava na rota por qual eu passava e quis conhecê-la. 

Cachoeira do Itambé, mais uma dentre tantas em Goiás. Esta fica em Aloândia: boa para rappel

Nem estava em meus planos de eu acampar pelo local, porém vi que não havia fluxo de carros/pessoas e que a tranquilidade seria propícia para uma boa noite de sono e uma bela alvorada. Resolvi ficar e acampar.

Minhas escolhas para armar a barraca são: lugar plano e preferencialmente em baixo de uma frondosa árvore (se não há previsão de chuva/tempestade) por causa da sombra.

Barraca de teto num wind camping:

contato com a natureza sem infraestrutura

 

Estacionamento estabelecido, agora era resolver o que providenciar primeiro: montar a barraca ou preparar o jantar antes de escurecer? Optei pela segunda opção.

Equipamentos de cozinha montados então é hora de escolher o cardápio: um bom e delicioso peixe cairia muito bem naquele momento. Bora caprichar na salada, cozinhar as batatas doces e fritar o peixe que deixo para o final.

Tudo Transcorria Tranquilamente. Minha preocupação era terminar, degustar o mais rápido possível para em seguida eu abrir a barraca enquanto havia um tiquinho de claridade. Eu disse: TTT tudo transcorria tranquilamente. #SQN!!!

Após por para derreter a banha de porco na panela de ferro preta e já me empolgar com àquele cheiro delicioso, coloquei o peixe para fritar. Bastou poucos minutos e percebi algum movimento estranho acima e atrás de mim no galho da árvore.  Agora as coisas aconteciam em segundos sem ao menos dar tempo de pensar. Mas era preciso reagir.

De repente uma onça pulo na estrutura da barraca ainda fechada em cima do carro e,  num bote certeiro, gravou suas unhas poderosas no peixe carregando-o rapidamente para longe dali.

No ímpeto de me defender joguei o óleo quente na fera. Não me pergunte se a atingi, provavelmente não! 

Providenciei ligeiramente a montagem da barraca e o jeito foi jantar lá dentro substituindo o peixe por uma lata de sardinha. Escovar dentes e xixi foi tudo ali de improviso.

A bela alvorada?

Amanheceu nublado.