Nasci do pó,
da poeira me criei.
Um pouco terra, um pouco pixe.
Pelos
quatros e outros tantos cantos do país, passei.
Algumas
cidades visitei, noutras, me deitei.
Muitas, nem
sei, me entediei.
Cargas - pesei, conferi, registrei.
Por elas competi, refleti, dispensei.
Esperei... Esperei... Esperei...
E como
esperei.
Não se vai
de um extremo a outro para simplesmente me contentar com o que transportei.
Regressar +
transportar + equilibrar as contas = recompensar. Exaltei.
DESTINO.
“Destino
por que fazes assim // Tenha pena de mim // Veja bem, não mereço sofrer // Eu
quero apenas um dia poder viver // Num mar de felicidades” // (...) Viverei.
(Insensato Destino - Chiquinho Vírgula, Acyr Marques e Maurício Lins)
Destino ou
não, vou trafegando por estradas afora, jamais me separei.
Nascido numa
época qualquer, numa cidade qualquer, num estado qualquer, que, em um momento
qualquer voltarei.
De origem
pobre e humilde, minha família me presenteou com a tradição ancestral, onde:
que, todo o respeito é pouco; ensino educacional também foi pouco; trabalhar é
tudo. E muito. Na bagagem: a roça de sol a pino; ou, o caminhão como herança.
Se forem "todas" essas opções, optei.
Aprendi a
cozinhar, a saber as necessidades de minha mala.
E as desnecessidades. O que me convém só eu sei.
E as desnecessidades. O que me convém só eu sei.
Família
constituí.
Na fé me converti. Um santo, São Cristóvão, escolhi.
Sem acordar
as crianças, com um beijo na testa, me despedi.
Sem data planejada
para retornar, com aperto no peito me despeço da patroa em plena madrugada.
Parti.
Normal é:
compartilhar a mesa; dividir a mesma
TV – e só mudar o canal com a concordância dos demais; banheiro comunitário e por aí vai...
TV – e só mudar o canal com a concordância dos demais; banheiro comunitário e por aí vai...
Apesar de todas estas multidões,
a solidão encarei.
“Só ando
sozinho e no meu caminho o tempo é cada vez menor.”
(As Curvas da Estrada de
Santos - Roberto Carlos/Erasmo Carlos).
Caminhoneiro
não é tudo igual.
Meus manos; meus companheiros; meus pares.
Cada qual
com sua particularidade. Há dentre cada: dignidade; honestidade; personalidade.
Há uma infinidade de diferenças.
Os solteiros, os casados, os desgarrados.
Têm os
comprometidos, os desleixados, os renegados.
Os bem-amados,
os desencanados, os maltratados.
Os
solitários, os extravasados, os infiltrados.
Será que é pedir demais?
Não tenho a pretensão de requerer tamanha caridade.
Eis o que Reivindiquei:
*Menor custo no diesel (Cide/Confins) - Economizei.
*Variação mensal - Duvidei.
*Isenção de eixo - Suspendi.
*Cota na Conab (autônomos) - Respeitei.
*Tabela mínima de fretes - Fretei.
Eu, caminhoneiro, o que mais quero neste momento
é voltar para casa.
VOLTEI!