quinta-feira, 30 de julho de 2015

A Saia Justa no Muro da Discórdia

Dias desses caminhando pela rua, me deparei com uma mulher na faixa dos seus sessenta e poucos anos, de cor negra, com mais ou menos 1,75 metro de altura e pesando em torno de 120 quilos.
O CENÁRIO: beirando o muro de um cemitério.



Não tenho nenhum preconceito ou superstição, mas há quem prove o contrário...

Em certo momento, passei a observar aquela mulata a minha frente.
Ela usava blusa de mangas cavadas, saia de lã abaixo dos joelhos e bastante justa e sapatos abertos sem saltos.

MEUS PENSAMENTOS saíram dali e foram "Além do Tempo". Retrocederam ao século 19, época em que passa o mais novo folhetim das seis, da Globo. Como costumam falar: novela de época. (Época! Época! Época!).

UM APARTE AQUI.
Por muito tempo eu e toda a equipe que trabalhava em uma revista, estávamos mancomunados de evitar a publicação da palavra época - referente à concorrente direta da revista. A restrição era tanta que chegávamos a ser intransigentes. Por vezes, o olhar do questionado editor nos dizia que queriam nos esmurraçar, e, vinha seguido da sutil indagação: "por qual palavra devo substituir, sugira?". Não havia.


VOLTANDO AO ALÉM do Tempo, até hoje não assisti a um capítulo. Isso não impede que eu saiba o enredo desta novela. Sei que em seu conteúdo está inserido o espiritismo.


O FIGURINO naquela época (época, época, época) esbanja beleza, sutilezas nos movimentos, uma certa postura que dava um ar de serenidade as pessoas.


NA CONTRAMÃO DO CLAMOR representados nas vestimentas usadas dois séculos atrás, no que diz respeito as roupas femininas em sua estruturação conceitual, havia a repressão machista. As roupas eram confeccionadas e moldadas ao corpo restringindo movimentos e desproporcionando a agilidade, delimitando as mulheres a diversos tipos de ações. 

NO ANDAR DA CARRUAGEM eram, muito mais, delicadamente femininas. E era nos limítrofes das vestimentas femininas que o aterrador conceito machista se cobria de razão.

VOLTANDO AQUÉM do muro do cemitério e, no instante em que meus pensamentos vinculava a saia de séculos passados ao daquela mulher - dos nossos tempos -  que seguia à passos rápidos. E largos. Percebi que ela acelerou as passadas com suas pernas limitadamente confinadas e reprimidas naquela saia susta.

NÃO DEU OUTRA. De repente 120 quilos desmoronaram ao chão em um estrondoso barulho.
Apressei meus passos. Corri e fui ao auxílio da caída. Constatei que ela pesava mais que 120 quilos. E que sua idade estava além da que eu suspeitava. Que saia susta fiquei por instantes.

SORTE A MINHA - E A DELA também - que do nada, surgiram dois rapazes. Só assim, num esforço conjunto e incumbidos de alça-la da vergonha alheia, colocamos ela em pé dentro daquele cubinho de tecido apertado. Nada de grave aconteceu. Refez-se do baque, e continuou seu caminho beirando o muro da discórdia.

QUE URUCUBACA foi aquela?
QUEM ou O QUE derrubou aquela mulher?
   
     

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Mary, o Personagem

Quem é Mary?

Mary é uma pessoa destemida, aventureira, maviosa. Às vezes inconsequente, teimosa. Orgulhosa de suas realizações.

A música Proud Mary fala de alguém que se dedicou interruptamente boa parte da vida trabalhando para algum empresário para a Grande Roda não parar de girar. Dentro desta roda, Mary seguia sua rotina mecanicamente sem a percepção dos valores morais do universo. Trazia consigo esta herança cultural. Sua jornada nem sempre fora fácil. 
 Num certo momento, Mary deixa para trás toda a estabilidade e conforto da cidade grande e segue  novos caminhos. Descobre que, na simplicidade de pacatas cidades ou vilas, há vida sim, sem muito sofrimentos, onde espiritualidade tem mais valor e alegria. Simples assim.
Metaforicamente falando, Mary sou eu.
Vou pescar e volto logo.